É óbvio que toda fase na vida tem um ápice e que, invariavelmente, tudo passa. Quase todos os clichês escondem uma verdade daquelas bem claras das quais a gente foge a vida inteira, na tentativa de afirmar pra si mesmo que é diferente dos outros quinhentos e cinqüenta e dois zilhões de habitantes do mundo.
O cinema nos fez acreditar que somos todos especiais. Independente do que façamos durante a vida, sempre vai haver um jeito interessante de contar a história de alguém, mesmo que esse alguém tenha sido um bosta.
Não sei se concordo com o que acabei de escrever ou se tenho vergonha de assumir que concordo porque levantar a bandeira do “oi, sou diferente, sou mais legal que você e por isso não faço questão de te conhecer” foi algo que eu sempre fiz, seja por achar mesmo que certas pessoas não acrescentariam nada na minha vida ou seja pra justificar o fato de saber que passo completamente despercebida pra muita gente por aí.
Daí que, juntando o que você acabou de ler e lembrando que, enquanto perdemos tempo com internet, uma boa parte da população está procriando, que a China tem numseiquantos bilhões de habitantes e que, por segundo, deve nascer uns trinta lá no Nordeste sem antena parabólica (ou uns dois filhos de Francisco aqui no nosso Cerrado gato), eu acho que você também chega a mesma conclusão que eu, que é a de que VÉI, TEM GENTE DEMAIS NO MUNDO.
Então, eu te pergunto: cada ser, desses zilhões que vivem na Terra, é especial? Cada ser é único, diferente?
a) Deus tem uma quantidade infinita de moldes
b) os livros de autoajuda são uma farsa
c) é isso que dá levar tudo ao pé da letra
d) tem alguma coisa muito errada nesse modo de pensar
Tá na moda fazer filme de gente loser e rola toda essa identificação porque a indiferença é um dos sentimentos mais dolorosos de se agüentar já que dói bem lá no meio do seu ego (hehe). Contar de maneira poeticamente exaltada uma história simples é um jeito que encontramos de dar luz à mediocridade nossa de cada dia. E, até aí tudo bem. O problema é que se todo mundo achar que é O Escolhido, não vai sobrar ninguém pra fazer figuração.
Eu te amo, Júlia.
Você não vai gostar disso, mas eu me identifiquei totalmente com o seu texto. Seria algo que eu escreveria se fosse mais inteligente. nira
E olha que eu nunca assisti Matrix…
-q
minha vó sempre diz isso de: GENTE, tem gente demais no mundo!
a gente nunca dá ouvidos pras vós né?
eu simplesmente AMO os textos da Júlia! Apesar de ter passado meia hora tentando identificar que parte de Matrix era a cena da imagem, até me tocar que.. bom, NÃO É Matrix.
muita gente no mundo, fato. algo errado não está certo nisso tudo.
Pangas, texto ótimo! A frase-final é muito boa meeesmo 🙂
Nessa sua linha, se tem algo de errado em pensar que todos os mais de 6 Bilhões de pessoas no mundo não são “escolhidos”, então você acredita que existem pessoas que nasceram para serem catadores de bosta e outros que nasceram para ser milhonários?
A grande questão é sempre determinismo versus livre-arbítrio. Se levarmos em consideração que existem 6 Bilhões de “Neo” no mundo, porque não tá todo mundo voando e fazendo kung-fu estilo dragonball por aí? Aí recai na eterna e singela questão das variabilidades quase infinitas. Para responder isso, teriamos que ter um computador que calculasse todas as variáveis a nível sub-atômico. E para calcular tudo que existe no universo, o computador teria que ser maior que universo em si. Isso tudo só serve para dizer que apesar da sua pergunta provavelmente não ter uma resposta simples no seu tempo de vida, eu diria que todos são Neo, mas só alguns tomam a pílula vermelha. Ou seja, mesmo dentro do determinismo de nosso nascimento, temos ainda as escolhas que constroem nosso caminho ao destino. São mais de 6 bilhões de pessoas, cada uma fazendo trilhões de escolhas. Faça as contas…
Então, eu acreditaria na letra c) “É isso que dá levar tudo ao pé da letra” porque dentro do que diz a física newtoniana, os livros de auto-ajuda e hollywood tem muita verdade, mas não é uma verdade auto-explicativa, é uma verdade que exige uma abstração ideologica. Mas isso sou eu né? E eu não sou muito normal hauahuah
Mas, entorto colheres (HÁ!)
não terá* (sorry pelo erro de digitação)
Estava falando com a Marina mais cedo que incomoda essa idéia de não ser o principal, sabe? Mas dentro de nossas próprias vidas, somos os principais. Na história dos outros é que somos/podemos ser figurantes. Então ok, eu entendi o que você disse no texto, mas somos todos “O Escolhido” dentro de nosso universo individual.
Isso dentro da normalidade, né? Porque se a pessoa for figurante de seu próprio filme, olha… Meio triste.
Para Zen:
Depois que eu escrevi, até pensei: “putz, dava pra usar a C como resposta tambem”, mas aí eu teria que mudar o final do texto e me deu preguiça.
Quanto a sua pergunta lá, dos milho-nários, não foi bem esse sentido que eu abordei. Pra mim, não é questão de status social, mas de que eu entendo que especial seja um adjetivo referente a coisas distintas, diferentes, excepicionais. Quando se usa “especial” pra todas as pessoas que a gente encontra pela frente, eu tenho a impressão de que a palavra perde o sentido…
E quanto a isso aí de Neo, Darwin, computador e pápápá, fih, eu não entendi NADA.
Para Laura:
Casa comigo? Amei o que você disse.
Ai, tô me achando respondendo comentários ;P
Poisé, o lance foi ilustrativo mesmo. É porque uma visão assim da nossa vida, geralmente a gente deve extrapolar para outras áreas e empregar em outros lugares para tentar verificar pelo menos se nossa “teoria” tem alguma base, hehehe. Foi só pra ilustrar mesmo, usando o conceito de especial em algo do tipo “status econômico”. Mas, outro exemplo que você usou agora: Será que cada pessoa que você encontra também não é “especial” já que são todas distintas, diferentes e portanto “exceções” em si? Elas podem até fazer parte de uma massa, mas cada indivíduo na massa tem suas particularidades. Ela pode até ser “maria vai com as outras”, mas eu acredito que “cada maria tem seu jeito de ser maria” nesse caso também.
O lance Neo, Darwin e tchubiruba foi um trechinho de um ensaio sobre destino e livre-arbítrio do ponto de vista físico que li esses dias, é meio confuso mesmo, mas depois se te encontrar a gente fala mais sobre isso (nerd mode on), é bem legal se vc parar pra pensar. Resumindo, é pra dizer que as variáveis no mundo são tantas, que é impossível uma pessoa ser igual a outra e todas são especiais a seu modo, só que nem todas aproveitam ou mesmo tem consciência da individualidade, aí vem os “pé no saco” ou “losers” ou “malignos” da vida… mas eles são especiais também. =]
E eu entendo a preguiça de mudar os textos, umas 2 vezes por mês eu escrevo uns textos assim meio viajosos sobre o dia a dia e aí bate uma descrença de corrigir e modificar eles, hauhauhuahauha
Mas, ótimo texto mesmo.
Laura: será que agora você entende de onde vem minha paciência com as pessoas? huahauhuha
ooooooooooooi? fiquei com preguiça de ler a discussão, mas, fih, sou mais você. Ganha essa ai. YEAH!
então, quandoi eu paro pra pensar se as pessoas me vem como diferente ou indiferente me bate um certo desconfoto, saca? daí, pra eu me sentir mais importante que alguns outros, eu penso que sou diferente, e o meu ego leonino quase explode de felicidade. ontem, lá no bar, um menino me disse que eu não tenho cara de veterinária, e, confesso, EU AMO quando isso acontece. é bom se sentir, por mais simples que seja, diferente. eu acredito que não existam pessoas iguais, mas que grande parte das pessoas são inúteis e esse grau de inutilidade ou não varia de indivíduo pra indivíduo, dependendo da sua necessidade pelas pessoas. 😀
concordo master com o que você disse. e nós somos diferentes e bacanas. todos deviam nos invejar.
Sabe, eu tinha feito um comentário bem bacana e pseudointelectual, mas enviei sem colocar o e-mail, daí deu error! E fiquei com preguiça de pensar de novo.
Então, o negócio é o seguinte, por mais que enxerguemos o mundo e seus estranhos habitantes como um inumerável complexo, não podemos deixar de lembrar que somos um átomo no organismo galático. Logo, nada mais somos combinaçoes e recombinações de possibilidades e fatos limitados. É nossa essência, senhores, e não há prepotência humana alguma que mude isso.
Mas e daí? Eu prefiro acreditar que sou única e especial, lógico, beem mais cômodo. No entanto, sou mesmo, no mundo que me cerca não há ninguém como eu, e por enquanto isso basta.
Nós podemos ser o que quisermos, se houver esforço, sorte e cooperação da natureza. O problema é que essa última não costuma dar as caras a todo momento ou a qualquer um, logo, somos quem podemos ser 😉
“Nós podemos ser o que quisermos, se houver esforço, sorte e cooperação da natureza. ”
(profundamente belo!)
mandou bem Raíssa.